Relação entre a cotação do dólar e o preço da arroba da carne bovina

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Relação entre a cotação do dólar e o preço da arroba da carne bovina

          A pecuária de corte é uma das atividades de maior importância na economia brasileira, sendo um dos pilares do nosso agronegócio e, consequentemente, tendo grande participação em nosso volume de exportação e balança comercial, com 1,64 milhões de toneladas exportadas em 2018 segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). Tal atividade econômica sofre influência de diversos fatores econômicos, técnicos e climáticos, e a seguir vamos procurar esclarecer como a cotação do dólar pode interferir no preço da arroba produzida em nosso país.

            O dólar exerce influência em quase todas as cadeias produtivas, e na cadeia de corte não é diferente, passando desde dentro da porteira, chegando ao consumidor final. Uma das pautas mais observadas em relação a atividade é o ciclo pecuário, como ele funciona e quais fatores interferem nele. Entender estes fatores pode ser uma ferramenta valiosa para o pecuarista, permitindo se preparar e aproveitar oportunidades. Mas como o dólar pode influenciar no ciclo pecuário?

            O ciclo da pecuária em nosso país é resultado da junção de quatro principais fatores, são eles: índices zootécnicos; variáveis climáticas; dupla aptidão das fêmeas, e as variáveis econômicas. Neste artigo, vamos procurar esclarecer mais a fundo como tal periodicidade é influenciada pelos dois últimos fatores e como a cotação da moeda americana interfere nestes.

            A dupla aptidão das fêmeas se dá devido à capacidade destas em produzirem bezerros ou serem abatidas, assim gerando carne diretamente. Este fator influencia no ciclo pecuário, pois se uma quantidade grande de fêmeas for abatida em determinado ano, o número de bezerros produzidos consequentemente diminui, reduzindo assim a oferta de carne nos anos seguintes, o que eleva o preço desta commodity.  Podemos ver este comportamento representado no gráfico a seguir:

Gráfico 1: Média do preço da arroba e número de abates de vacas.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Cepea e IBGE.

           Conforme podemos observar no gráfico acima, no momento em que os abates de vacas têm um pico, o preço da carne entra em um vale, devido à alta oferta oriunda de mais vacas em frigorífico. No entanto, aproximadamente dois anos depois a situação se inverte, pois os bezerros que estas vacas abatidas iriam produzir e estariam indo para o abate, geram uma oferta menor.

            Neste cenário, a cotação do dólar pode influenciar na quantidade de vacas abatidas, pois se moeda estrangeira sobe, o custo dos insumos necessários para a produção de carne também sobe, visto que a maioria deles é importado. Em consequência, aumenta-se assim o custo de produção, tornando mais atrativo o abate de vacas. Em conjunto, o custo para produção de bezerros também aumenta, o que reforça o cenário, devido à queda na viabilidade da produção dos mesmos. Podemos ver esta relação no gráfico subsequente:

Gráfico 2: Número de abate de vacas e cotação média anual do Dólar.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do Cepea e IBGE.

            Assim, podemos verificar que o abate de vacas segue uma tendência similar à cotação do dólar, isso pode ocorrer por diversos fatores, sendo dois deles já citados acima. Tal fato, pode levar a uma maior ou menor atratividade na atividade de abate de fêmeas, conforme ao aumento ou decréscimo do dólar.

            Portanto, com uma alta da moeda americana, o abate de vacas também se eleva, aumentando a oferta de carnes no mercado e derrubando os preços. Porém após dois anos o preço da arroba volta a subir, conforme já foi dito.

            Outro ponto importante a ser considerado é o valor dos insumos relacionados à produção de carnes no Brasil. Produtos como defensivos agrícolas, fertilizantes, farelo de soja, entre outros, são importados, portanto sofrem variação conforme a moeda americana.

Devemos ter em mente que os fatores citados neste texto não são os únicos a exercerem influência nos preços da carne bovina, que podem variar conforme inúmeros acontecimentos.

Autor: Gabriel Brambila Secches – Grupo ADECA | Edição: Gabriela Estevam

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