Quantas arrobas custa minha mão de obra?

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Pedro Silvestre de Lima

Pedro Silvestre de Lima

Quantas arrobas custa minha mão de obra?

Quando pensamos no sucesso da pecuária de corte, seja no sistema de cria, recria, terminação ou ciclo completo, podemos levar em conta muitos fatores, como por exemplo, comportamento do mercado e produtividade da fazenda.

Com certeza você já deve ter analisado como estão os custos ou a eficiência produtiva da sua atividade. No âmbito de mercado, você já se perguntou se é o preço da arroba do boi que garante a maior lucratividade?

 

Perguntas como esta são muito importantes, e dentro dessas análises, vale termos especial atenção com a relação de troca da arroba bovina. Ou seja, quantas arrobas de boi eu preciso para comprar algum insumo ou pagar algum custo da atividade?

 

A seguir vamos tratar da relação de troca da arroba em relação ao salário mínimo e a produtividade da mão-de-obra, segundo dados históricos.

Mão-de-obra dentro da porteira

Um dos fatores que interferem na produtividade da fazenda é a qualidade da mão de obra, que, por sua vez, tem participação direta na rentabilidade do produtor.

 

Na ponta do lápis, a relação de troca se torna um indicador interessante para se analisar a eficiência financeira da mão de obra para a fazenda: quanto maior a relação, maior é a capacidade da fazenda em investir em funcionários com a venda dos animais. Isto indica ao pecuarista quanto uma arroba produzida está pagando do custo com funcionários.

 

Em São Paulo, utilizando preços médios da arroba do boi gordo Cepea, o pecuarista garante o pagamento de 2,61 salários mínimos com a venda de um boi de 17@ (cerca de 510kg de Peso Vivo – PV). Nesta conta, consideramos o valor de venda de R$153,11/@ (total de R$ 2.602,92/ animal 17@) e o salário mínimo na mesma região, a R$ 998,00 no mês.

 

Considerando um funcionário que custe ao pecuarista dois salários mínimos por mês, o pecuarista necessita produzir 9,2 animais ou quase 157 @ de peso vivo ao ano para manter esse funcionário na fazenda.

 

Podemos acompanhar no gráfico a evolução desta relação, de 1998 a 2019 a seguir:

Mão-de-obra dentro da porteira

No comparativo histórico, se analisarmos a mesma relação há 10 anos atrás, com os respectivos preços de arroba e salário mínimo, percebemos que a relação de troca era 9,54% maior que em 2019. Já há 20 anos, a relação era 26,61% maior.

Essas informações reforçam que a eficiência produtiva da fazenda deve ser ainda maior para sobrepor o custo com mão de obra. Fica evidente que há 20 anos atrás, com a venda de um boi, pagava-se mais colaboradores do que hoje, pois o preço da arroba do boi gordo, que se elevou em 17,34% no período, não acompanhou na mesma proporção o reajuste do salário mínimo, de 59,89%, ambos deflacionados pelo IGP-DI.

Mas quanto um colaborador produz por ano?

Segundo um estudo do projeto Campo Futuro , da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária – CNA, em parceria com o SENAR e o Cepea-Esalq/USP, no Brasil, um colaborador produz 955 arrobas, em média, por ano na cria.

Deste modo, ao fazer essa comparação no sistema de recria e terminação, um colaborador chega ser responsável por produzir 2.238 arrobas por ano. Se utilizarmos o valor médio da arroba de 2019, esse colaborador, pode produzir cerca de R$ 342.667,36 ao ano.

 

Pensando na eficiência da fazenda no uso de área com essa mão de obra, um colaborador na recria e terminação é capaz de produzir 2,2@/ha.ano, ou cerca de R$ 336,00/ha.ano no Brasil, considerando que a área útil média das propriedades rurais ocupa cerca de 1.030 ha no país.

Conclusão

A eficiência produtiva da atividade pecuária precisa aumentar para suprir as altas nos preços dos fatores de produção, como insumos e mão de obra, por exemplo.  

Com uso da tecnologia e de softwares voltados à pecuária, hoje, o produtor pode ter mais informações estratégicas para a tomada de decisão e previsibilidade dos números da fazenda, garantindo, assim, melhor rentabilidade.

 

Autor: Pedro Silvestre de Lima | Colaboradores: Marcos Iguma, Renato Prodoximo, Anna Fett

Edição: Gabriela Estevam

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