O movimento AgTech está em efervescência. Existem muitas startups com diversas soluções tecnológicas e inovações já disponíveis para o novo Agro. O campo e a agroindústria estão ávidos por tecnologias que permitam maximizar seus resultados com sustentabilidade, revelando novas margens de lucro e respondendo às novas tendências globais de consumo.
Para entendermos a evolução deste movimento por aqui, vamos fazer um breve panorama. Recentemente, em setembro de 2020, a Plataforma 100 Open Startups apresentou dados de seu mais recente levantamento sobre as agtechs no Brasil, no qual mapeou 1.975 startups com serviços e soluções para o agronegócio do país.
Os números mostram o bom momento do setor e expressam um crescimento notável de 702%, desde 2017, quando eram 246 agtechs. Esse resultado representa ainda um aumento de 75% em relação aos apresentados pelo Radar Agtech da Embrapa, em 2019, quando tínhamos 1125 startups.
Analisando o cenário de inovações nas cadeias agropecuárias – onde atuo no AnimalsHub – destacam-se soluções dedicadas a:
• Melhoramento genético avançado
• Tecnologias reprodutivas
• Gestão e recuperação de pastagem
• Gestão integrada
• Formação de lotes homogêneos
• Sensores intracorporais
• Balanças inteligentes
• Cochos móveis e inteligentes
• Controle biológico
• Agroenergia
• Comportamento animal
• Saúde animal
• Identificação animal
• Apoio a negociação
• Nutrição de precisão
• Bem estar animal
• Ambiência de precisão
• Qualidade
• Rastreabilidade
E é justamente por essa vasta oferta de soluções que vejo muitos produtores, gestores e decisores do agro perdidos diante do movimento AgTech.
O problema é que entre as inúmeras startups já existentes, algumas não conhecem a fundo a realidade do setor. Não sabem se comunicar diretamente com o campo e com a agroindústria, não foram validadas ou reconhecidas como soluções de impacto nas operações. Em consequência disto, não são recomendadas e adotadas em escala em modelos seguros de fácil compreensão, de fácil implantação, manutenção e garantia de resultados para os sistemas de produção.
Por isso, na minha percepção como agente de inovação à serviço do agro, uma das grandes barreiras para a difusão em escala das tecnologias no campo é esta extrema incerteza na adoção e integração eficaz das soluções disponíveis. Agregando ainda a este cenário, o alto custo associado da aquisição dos equipamentos para o monitoramento e custos de implantação de sistemas de coleta de dados no campo.
Honestamente, o produtor ou gestor do agro já gerencia riscos demais, ele quer solução!
Tanto do ponto de vista do produtor ou gestor que adota a tecnologia, quanto do empreendedor de uma startup agtech que desenvolve a inovação, é preciso alinhar as expectativas de resultado e diferenciar claramente uma solução de um teste.
Portanto, se você é empreendedor AgTech e quer validar a sua solução com um produtor ou uma agroindústria: Seja claro e proponha um modelo viável para isso.
Muitas startups pecam nesse ponto, pois focam acima de tudo em vender, e na maioria das vezes de modo prematuro, sem casos de sucesso para mostrar. Por conta disso, geram muita desconfiança para adoção de suas tecnologias, muitas vezes até causando traumas e comprometendo a jornada de inovação de seus clientes.
No próximo artigo, gostaria de compartilhar com vocês algumas percepções e conselhos. Espero poder ajudá-los a decidir quais caminhos escolher no início da jornada empreendedora no setor.
Até o próximo capítulo dessa história!