Tiago Z. Albertini, PhD
- maio 31, 2018
- , 11:48 pm
- , Mercado
Overview da Pecuária Brasileira: os números do setor mostram avanço no campo
A pecuária nacional vem passando por inúmeras mudanças ao longo dos anos. Avanços nas áreas de tecnologia, monitoramento, genética, nutrição animal, manejo de pastagens e sanidade trouxeram ainda mais produtividade para o setor, que abriga um rebanho de mais de 218 milhões de cabeças de gado (aproximadamente 13,8% do total mundial), distribuídos em praticamente 165 milhões de hectares pelo Brasil (ABIEC, 2017).
A cadeia sustenta, ainda, grande parte da força econômica do País, já que participou com cerca de 31% do PIB do Agronegócio Nacional em 2016 e impulsiona a geração de receitas para o crescimento e o empoderamento da população por meio do controle inflacionário de preços (ABIEC, 2016). Segundo dados do Cepea/Esalq-USP, o PIB Pecuário se elevou em 3,8% em 2017, frente ao ano anterior, contribuindo para o aumento significativo de 7,6% do PIB do Agronegócio Nacional no período, somando os ramos agrícola e pecuário.
Neste sentido, o setor pecuário faturou cerca de R$ 504,86 bilhões no ano de 2016, com 97,26 bilhões em faturamento com abate de animais, exportações e venda de sêmen, enquanto o setor de insumos pecuários levantou o montante de R$ 61,65 bilhões (ABIEC, 2016). Já os frigoríficos, geraram R$ 123,75 bilhões e as receitas do varejo foram de R$ 160,06 bilhões no mesmo ano.
Quando se fala em carnes (bovina, suína e de frango), o Brasil logo se destaca, figurando como 4º maior produtor mundial e o 2º maior exportador. Os números só chancelam o conhecido jargão de que o País é a “fazenda do mundo”, levando à mesa quase 26 milhões de toneladas de carne produzida nacionalmente (USDA,2016).
Deste total, praticamente 36% corresponde aos produtos bovinos, que somaram mais de 9 milhões de toneladas de carne produzida em 2016. Já a proteína suína garante 14% dessa fatia, ou 3,7 milhões de toneladas. A de frango, que representa a maior parte da produção, gera 50% do total, ou 13 milhões de toneladas (ABIEC, 2016; USDA, 2016; ABPA, 2017).
Os Estados Unidos lideram o ranking dos maiores produtores mundiais de carne bovina, com 11,5 milhões de toneladas produzidas em 2016, seguidos da União Europeia (7,83 milhões de t) e da China (7 milhões de t).
Gráfico 1: A produção de carnes pelos maiores players globais de proteína animal. Fonte: ABIEC, 2016; USDA, 2016; ABPA, 2017.
Em exportações, o País assume ainda maior importância na geração de alimentos seguros à população global, enviando ao front externo, 1,48 milhão de toneladas em 2017, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MDIC/Secex. Do total exportado, Hong Kong foi o mais importante parceiro comercial do Brasil, adquirindo 356 mil toneladas de carne bovina (incluindo produtos in natura, industrializados, salgados e miudezas).
Desta forma, é nítida a importância da pecuária nacional e a força dos agentes deste setor. Como próximos desafios, está a gestão eficiente dos empreendimentos rurais, que devem ser vistos de maneira profissional e à altura de seus players, com maior controle sobre as operações de manejo, governança, comercialização, recursos humanos e naturais, para que a atividade continue caminhando a passos largos em direção à sustentabilidade, agregando tecnologia e desenvolvimento à essa história de superação inspiradora.
@TECH DE OLHO NO MERCADO – No cenário de curto prazo, o dinâmico mercado pecuário brasileiro segue 2018 com melhores perspectivas que as do ano anterior, apesar de ainda incerto quanto aos custos de produção ao longo dos próximos meses. Em 2017, a deflagração da “Operação Carne Fraca” balançou o setor pecuário e trouxe reflexos às exportações nacionais. No entanto, este ano começou com mais otimismo para agentes do setor, especialmente com o panorama esperado de crescimento geral da economia brasileira e internacional.
Os custos de produção, que não começaram 2018 em patamares tão animadores para o pecuarista, especialmente o confinador, não sinalizam altas nos próximos meses, com a maior oferta de milho no mercado. A esmagadora maioria do milho nacional hoje provém da segunda safra, que promete boas colheitas, apesar da falta de chuvas que se prolongou em algumas das principais regiões produtoras nos últimos dias, segundo a rede de contatos da @Tech.
Já às vésperas do período de estiagem, com dias mais curtos e menor incidência de luminosidade, as temperaturas caem no País, trazendo consequências às pastagens. O potencial nutricional das forrageiras se limita e favorece confinadores nesta época do ano.
Já quanto à logística, caminhoneiros de 23 estados brasileiros protestam em greves nas principais rodovias brasileiras. A luta da categoria recai sobre os elevados preços dos combustíveis, em especial do óleo diesel, que faz parte da política de preços da Petrobrás desde o ano anterior. A grande dependência nacional por transporte rodoviário levanta a importância de elucidar rapidamente a situação, evitando mais transtornos a todos os setores da economia nacional.
Neste contexto, o Setor Primário, responsável pela exploração de recursos naturais e produção de matérias-primas, que envolve a agropecuária, é impactado com o atraso na entrega de insumos, produtos e animais. “Dentro da porteira”, pecuaristas podem ter dificuldades em alimentar os animais, especialmente nos confinamentos, que dependem do suprimento de grãos, caso não estejam estocados. Já “fora da porteira”, as consequências são mais relacionadas com os frigoríficos, que atrasam a produção, o que pode afetar as exportações, já que a oferta de produtos pode diminuir e o fluxo de cargas até os portos podem ser dificultados. Laticínios estão em alerta e muitos já anunciam rejeito de milhares de litros. Agentes do setor devem permanecer cautelosos e atentos, evitando prejuízos à cadeia no médio e longo prazos.
Autores:
PhD Tiago Z. Albertini, Diretor Executivo
Marcos Iguma, Coordenador de Inteligência de Mercado
Gabriela Estevam, Marketing