Imagine uma propriedade produtora de gado de corte, localizada no centro-oeste brasileiro, que controla seus custos; busca maximizar a lucratividade; acompanha o desempenho animal a partir de pesagens diárias; mensura consumo e conversão alimentar; utiliza equipamentos conectados entre si e pela internet, identificando, inclusive, os animais individualmente. Esse é o raio-X da pecuária de precisão.
O termo é recente, data de 2008 e foi definido por Wathes et al1. De acordo com os pesquisadores, compreende o manejo da produção animal usando princípios e tecnologias de engenharia de processo, com o uso de sensores “inteligentes”, por exemplo. Vale ressaltar que este conceito é posterior à agricultura de precisão, que desde início do século XX vem sendo utilizada para falar sobre tecnologia, otimização e, mais recentemente, conectividade dentro do agronegócio.
Atualmente, de acordo com dados do IBGE (2018)2, há aproximadamente 1.425.000 produtores conectados, sendo que grande parte destes, se ainda não o fazem, desejam acompanhar gestão e produção da propriedade de forma mais prática. Essa realidade, diferente do que alguns pensam, não está relacionada ao tamanho da propriedade. Está ligada, na verdade, à busca por otimização da produção e previsibilidade, a fim de tomar decisões assertivas mais rapidamente.
Outro fator impactante na adoção de tecnologia dentro de propriedades tem a ver com o processo de sucessão familiar. Isto porque, a mudança dos tomadores de decisão, principalmente quando há diferenças de geração, implica num maior conhecimento técnico e tecnológico. Desta forma, a adoção de aparatos facilitadores, como sensores; câmeras; estações meteorológicas locais, e softwares de gestão é mais simples.
Neste artigo, serão discutidos os benefícios cada vez mais palpáveis de adotar tecnologia no campo, além dos desafios ainda enfrentados por quem tem saído na vanguarda com uma pecuária mais precisa.