3 Indicadores da Performance Pecuária – Saiba mais sobre conversão alimentar, custo da arroba e lucro

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Anna Fett

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3 Indicadores da Performance Pecuária – Saiba mais sobre conversão alimentar, custo da arroba e lucro

No artigo anterior nós falamos sobre os 10 indicadores da performance pecuária e sobre a necessidade de se mensurar parâmetros na produção animal para superar as margens estreitas de lucro no confinamento. Uma das engrenagens para isso é a adoção de tecnologia como forma de se manter o sucesso e permitir a sustentabilidade de longo período da atividade.

Para saber mais sobre o que o setor se interessa a respeito da performance da pecuária, nós perguntamos aos nossos leitores e seguidores e chegamos a três temas-chave:

  •              1) Consumo de matéria seca e conversão alimentar;
  •              2) Custo da arroba produzida;
  •              3) Lucro por cabeça.

Existe performance sem Consumo e Conversão Alimentar?

Já sabemos que o confinamento é uma estratégia importante ao pecuarista, podendo ser aplicado na prática como sequestro de animais do pasto, atividade exclusiva de engorda e maximização de lucro, alternativa para engorda no período de secas, ou como business estratégico do mercado financeiro.

 

Em cada região ou propriedade podemos ver diferentes modelos de negócios e gestão. No entanto, o objetivo é geralmente muito parecido em todos eles: engordar eficientemente os animais buscando a máxima performance zootécnica e econômica com sustentabilidade e bem-estar animal.

 

Quando falamos em performance, estamos falando de diversas variáveis. No entanto, qualquer empreendimento precisa medir o quanto produz, se não como vai saber quanto fatura, quanto gasta, quanto investe? 

 

E como medimos essa produção no confinamento? Muitos de vocês que já atuam ou conhecem a operação, já devem estar babando para responder: “É óbvio, pelo peso”. Não estão errados, mas o peso é apenas uma dessas variáveis

 

O animal só terá o peso ideal se o consumo de alimentos for eficiente, e isso refletirá automaticamente no quanto o animal consegue converter o que come em carne e outros tecidos. As diferentes exigências nutricionais dos animais, como de água, energia, proteínas, vitaminas e minerais, dependem de variáveis intrínsecas ao organismo, como idade, peso, raça, sexo, genótipo e características fisiológicas desses indivíduos.

 

No entanto, medir o consumo ainda é complexo e demanda investimentos que muitas vezes não se encaixam com a operação comercial em escala. Neste caso, estimativas de consumo podem ser uma “mão na roda” para acompanhar o dia a dia da fazenda. 

 

                              CMS = (PV^0,75*(0,2435*ELm – 0,0466*ELm^2 – 0,1128)) / ELm

 

Uma das formas utilizadas para estimar o consumo de alimentos é por meio de fórmulas que consideram o Peso Vivo do animal (PV) e a Energia Líquida da Dieta (ELm), para obter o Consumo de Matéria Seca (medido em quilogramas por dia – CMS), como a que exemplificamos a seguir:Fonte: NRC, 2000.

 

                              CA = kg MS consumidos / kg Ganho de Peso

 

Sabendo a quantidade de matéria seca que a dieta oferece para cada animal ou lote, e também o quanto de energia o animal gasta para sobreviver (energia de mantença) e converter em ganho, se acompanho o ganho de peso do animal com frequência, fica fácil estimar o consumo e a conversão alimentar (CA), cuja fórmula pode ser exemplificada abaixo:Utilizar esses dados permite identificar quais animais não desempenham bem no confinamento ou então, qual momento a dieta passa a oferecer energia para manutenção do peso ao invés do ganho de peso. 

 

Essa informação ajuda o pecuarista a acompanhar, portanto, a performance dos animais para tomar melhores decisões no confinamento.  

Como calcular o Custo da Arroba Produzida?

Quem nunca ouviu que “para se ter lucro, precisamos reduzir custos e maximizar receitas”? Pois é, no mundo ideal esse seria o lema, no entanto, sabemos que conhecer os custos da operação pode ser algo complexo. 

 

O primeiro passo para uma boa gestão dos custos é fazer o registro dos valores e quantidades utilizadas dos insumos. A partir do dia de entrada, podem ser considerados os custos da dieta (ex. componentes, aditivos, sais minerais), custos operacionais (ex. equipe, combustível, maquinário) e custos com sanidade (ex. vacinas, vermífugos, carrapaticidas, medicamentos, equipamentos). 

 

O mais importante é que isso seja armazenado de forma prática e de fácil acesso, para que seja específico para a operação da fazenda, assim o registro dos dados deixa de ser maçante para ser útil. Afinal, a informação mal coletada ou simplesmente armazenada perde sua utilidade e quando o processo é implementado de maneira eficiente, a análise e interpretação dos indicadores se torna uma ferramenta potente para a tomada de decisão nos níveis tático, operacional e estratégico.

 

Com o registro e avaliação periódica ao longo do ciclo, a informação de encerramento do lote, na fazenda e após o abate dos animais pode ser aplicada no cálculo das arrobas produzidas, se transformando em um importante indicador para a avaliação do desempenho do lote. 

 

O valor do custo desembolsado no confinamento dividido pela quantidade de arrobas produzidas resulta no quanto foi gasto para produzir cada arroba. A fórmula sugerida para o custo da arroba, para inserir suas variáveis, é demonstrada a seguir: 

 

                            Custo da arroba = (Dieta + Operacional + Sanidade) / (Arrobas produzidas)

 

Indo além, se for possível armazenar o resultado de diferentes ciclos, isso pode ser usado para validar o uso de técnicas, ferramentas ou insumos específicos para o caso de cada fazenda. Informações como origem dos animais de recria, desempenho de fornecedores de gado e insumos, estratégias de confinamento e uniformização de lotes podem ser geradas a partir deste histórico e facilitam a decisão de “fechar os animais” nas baias. Portanto, conhecer os custos da operação é extremamente importante para a geração dos demais indicadores e contribui para a gestão efetiva da atividade.

Lucro por animal: bicho de sete cabeças ou ferramenta aplicada?

Já falamos bastante sobre lucro aqui, não é? Afinal, com ele melhoramos o sistema de produção e mantemos os negócios fluindo por anos. Podemos usar o lucro como dado para calcular diferentes indicadores, dependendo da informação de interesse. 

 

A atividade pecuária, de maneira geral, sempre utilizou métricas e ferramentas para se chegar ao lucro, de maneira profissional e o desenvolvimento da atividade nos levou a ver o lucro de maneira muito mais holística, o que permitiu chegarmos a um nível cada vez mais empresarial. 

 

Esse indicador pode ser trabalhado de duas formas: vendo o lucro médio do lote ou individualizando os animais. A individualização é acompanhada de tecnologia, que permite uma avaliação mais precisa sobre a performance. Afinal, “quantos bois bons precisamos na baia para pagar a conta do confinamento?” – Confira mais sobre esse tema em nossa próxima publicação, inclusive!

 

A partir da individualização, é possível prever o crescimento fisiológico dos animais utilizando algoritmos sofisticados e métricas estatísticas. Mas também de maneira simples, já é possível termos o diagnóstico preciso do desempenho zootécnico e econômico de cada indivíduo.

 

Com o preço da compra e venda dos animais, custo médio da arroba produzida durante o confinamento e o lucro final, é feita a subtração dos valores, o que resulta no lucro total, que, dividido pela quantidade de cabeças, temos o dado visando a média.

 

Já quando usamos técnicas de identificação individual eletrônicos, como brincos e tags, é possível avaliar o lucro individual dos animais. Com o mesmo método da média, mas agora com informações de cada indivíduo, chegamos ao cálculo de lucratividade individual: 

 

Lucro médio = (Valor pago – Custo) / Número cabeças

Lucro cabeça = (Valor pago individual – Custo)

 

Lembrando que conhecer o mercado é extremamente importante neste caso, para comprar bem os animais e vender ainda melhor, enquadrando os animais nas campanhas de bonificação mais lucrativas e tendo boas informações para negociar cada animal com precisão.

 

No geral, o uso de diferentes indicadores de performance deve ser avaliado em cada sistema de produção, para gerar informações de valor e que sejam realmente utilizadas nas tomadas de decisão ao longo do tempo. Mas a necessidade do mercado por informações e a tendência das operações é que a produção animal passe a ser mensurada e modernizada cada vez mais, acompanhando as evoluções do setor e satisfazendo mercados mais exigentes, com preços competitivos e métodos sustentáveis. 

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