Quem paga a conta de um confinamento não lucrativo?

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Marcos Iguma e Anna Fett

Quem paga a conta de um confinamento não lucrativo?

Na baia de confinamento, sempre existe variabilidade entre os animais e dentre eles existem os que não têm desempenho satisfatório e acabam “roubando” a lucratividade dos demais. Estes são os “bois ladrões” e estão presentes mesmo em baias uniformes, com animais homogêneos.

 

Mas nós sabemos quem é esse boi? Como identificar os efeitos de sua performance no lucro da baia? E ainda mais, quem paga essa conta?

 

Em 100 dias (média nacional para um ciclo de confinamento), qualquer equívoco de formulação de dieta, manejo, decisão de abate ou protocolo sanitário, pode condenar a lucratividade dos animais. No entanto, os possíveis fatores complicadores ao ciclo de engorda já têm início antes do confinamento, no transporte, adaptação, escolha dos animais, compra do boi magro, formação dos lotes, planejamento e por aí vai… 

 

Por mais homogêneo o grupo de animais e melhor que seja o manejo e planejamento, sempre existe aquele animal que não se adapta ao sistema, ou simplesmente não atinge todo o seu potencial zootécnico e econômico e, consequentemente, acaba roubando a lucratividade da baia. O “boi-ladrão” nos traz prejuízo e nós muitas vezes nem sabemos identificá-lo.

 

O fato é: o confinamento não aceita “desaforo” e, no comparativo de dois animais, um boi é sempre melhor que o outro. Basta identificarmos quem é quem e como podemos lidar com os efeitos disso! 

 

BOI LADRÃO, QUEM PAGA A CONTA NO CONFINAMENTO?

 

O desempenho baixo pode ser causado por motivos particulares de um animal ou do planejamento na formação do lote. O conjunto de características genéticas pode ser uma das causas de gerar um boi ladrão pela influência que causam na conversão alimentar, deposição de tecido muscular e acabamento de gordura. Por exemplo, se um animal já está desempenhando seu máximo e mesmo assim não alcança os padrões desejados no lote, existe a chance de ele dar prejuízo ao final do ciclo.

 

Outro fator importante, é a adaptação do pasto ao confinamento, essa fase é responsável por adaptar a fisiologia e comportamento do ganho dos animais para receber a dieta com menos volumoso e nivelar o consumo de todos os animais com a mesma nutrição. Assim, caso um animal não se adapte à dieta ofertada ou ao sistema, provavelmente terá desempenho inferior em relação ao restante do lote.

 

É comum que a avaliação dos animais seja feita visualmente, mas essa caracterização pode não ser precisa. Ao olhar para um lote e tentar avaliar a condição dos animais, podemos ter resultados divergentes da realidade, seja por influência de fatores externos ou por ter avaliadores com visões e experiências diferentes. Além disso, a relação direta da avaliação visual com o lucro pode não ser direta.

Quando olhamos um animal, não existem condições de considerar o histórico, a genética, a adaptação e o potencial para projetar em uma curva de ganho de peso, muito menos de lucro individual. Isso torna latente necessidade de inserir tecnologia que analise essas informações e as entregue para o produtor de maneira prática e intuitiva.

 

Como já dissemos no artigo Por que um lote homogêneo aumenta a lucratividade no confinamento?, a uniformidade de um lote reduz a competição por alimento e água para os animais, além de facilitar o manejo e as projeções médias do lote. Mas principalmente, na visão do produtor, a uniformidade permite fazer vendas de conjuntos de animais com características semelhantes, proporcionando melhor programação e maximização do lucro no abate, garantindo maior uniformidade das carcaças – importante característica para o frigorífico comprador.

 

Um animal pode apresentar ganho de peso modesto e parecer que gerará lucro, mas se o desembolso feito para mantê-lo é mais alto do que o pagamento feito em sua venda, ele representa prejuízo. Vamos mostrar situações como essa a partir de dados reais de confinamentos já monitorados pelo BeefTrader – software de monitoramento de lucro da @Tech. Muitos desses sistemas já viram o valor das medições na produção, pois usando a tecnologia, a previsão de ganho de peso junto da inteligência de mercado tornou possível programar diferentes vendas em datas nas quais o lucro será maximizado.

 

Veja abaixo a diferença entre o lucro obtido em uma venda com data pré-estabelecida (data fixa informada pelo produtor) e o lucro obtido ao considerar o desempenho dos animais e a otimização da data de venda:

 

O Método Tradicional calculou o valor pago no dia da venda, caso ela fosse feita no dia fixo, programado pelo produtor no início do ciclo. Já no Método BeefTrader, o valor que seria pago somando as duas vendas parciais, efetuadas no PON (Ponto Ótimo de Negociação), após considerar curva de ganho de peso diário, precificação e condição corporal dos animais na projeção do melhor momento de venda.

Com esses dados, podemos afirmar que o acompanhamento individual foi lucrativo para o sistema, já que em cada baia as datas de venda foram otimizadas e houve um incremento médio de lucro superior a 30%.

 

A verdade é: não existe uma receita exata para o sucesso de um confinamento! No entanto, individualizar os dados para acompanhar o desempenho, tanto zootécnico quanto econômico, dos animais é imprescindível para conhecer o lucro da operação com precisão e previsibilidade! Caso contrário, em meio a bois lucrativos e não-lucrativos, continuaremos na “caixa-preta” do confinamento, tendo dificuldades de reverter as margens achatadas da atividade dentro da porteira.

 

Sendo assim, a tecnologia deixa de ser luxo e passa a ser ferramenta necessária para monitorarmos o resultado de tanto esforço e dedicação no campo, colaborando com a agropecuária. Afinal, a melhor maneira de prever a pecuária do futuro é criar a pecuária do futuro! 

Leia o artigo completo e entenda como a inteligência artificial torna o confinamento mais inteligente.

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